ACM alerta novamente sobre a necessária segurança dos profissionais da saúde no enfrentamento diário da pandemia no estado.
A Associação Catarinense de Medicina (ACM) informa com profundo pesar o falecimento de dois médicos neste último final de semana, devido a complicações do novo coronavírus: o intensivista Nelson Luiz Barrichello, 71 anos, do Hospital Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí, e a ginecologista/obstetra Vera Lúcia Machado Nunes, 75 anos, de Balneário Camboriú. Eles somam-se aos óbitos de outros dois médicos que já faleceram com Covid-19 no estado, que são o geriatra Jonas Coelho Lehmkuhl, 56 anos, dia 25 de julho, do Hospital e Maternidade Tereza Ramos, em Lages, e o pediatra Gastão Dias Junior, 52 anos, no dia 22 de abril, do Hospital Municipal Ruth Cardoso, em Balneário Camboriú.
De acordo com a Coordenação Estadual de Segurança do Paciente (CESP), da Superintendência de Vigilância em Saúde (SUV), da Secretaria de Estado da Saúde (SES), até o momento 510 médicos já foram afastados de suas funções por casos confirmados e suspeitos de Covid-19, desde o início da pandemia no estado, no dia 18 de março. Muitos deles já voltaram às atividades, enquanto outros foram substituídos nas suas atividades. O relatório diário realizado pelo setor reúne dados dos hospitais da rede estadual (15), filantrópicos (68) e particulares com atendimento para a Covid-19 (42), além de outros Estabelecimentos Assistenciais – EAS (184).
“Os óbitos e os casos da doença entre médicos (confirmados ou não) são motivos de imensa preocupação da ACM, que desde os primeiros pacientes do novo coronavírus, no começo do mês de março, vem lutando para proteger os profissionais da saúde, com treinamentos, orientações e a garantia de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), assim como a busca por condições adequadas de trabalho diante da guerra da pandemia”, afirma o presidente da ACM, Ademar José de Oliveira Paes Junior, que compara os médicos e profissionais da saúde a verdadeiros heróis. “A segurança dos profissionais deve ser prioridade. Sem os médicos não adianta respiradores, nem leitos hospitalares. É preciso estar atento permanentemente àqueles que estão na linha de frente do atendimento”.
Falta de cuidado em todo o país
O estudo “A Pandemia de Covid-19 e os Profissionais de Saúde Pública no Brasil” apresentou mais um resultado no dia 30 de julho, demonstrando que, a cada três profissionais de saúde, apenas um foi testado para Covid-19 em todo o país. A pesquisa é realizada mensalmente pelo Núcleo de Estudos da Burocracia (NEB), da Fundação Getúlio Vargas (FGV) junto às categorias profissionais que estão expostas, diariamente, a um alto risco de contágio da doença.
Tais números podem ser relacionados a outro índice também preocupante: o que mensura o nível de temor quanto à Covid-19. Ao todo, 89% de agentes comunitários de saúde e agentes de combate à pandemia reconheceram sentir medo da doença, mesmo sentimento compartilhado por 83% dos profissionais da enfermagem, 79% dos médicos e 86% de demais profissionais da área de saúde. A preocupação é justificada não só pelo contexto geral, mas porque sentem que a infecção se avizinha, já que 80% dos entrevistados declararam ter ao menos um colega contaminado pelo novo coronavírus nessa segunda fase da pesquisa.
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