Respeito mútuo e comprometimento com o paciente

As mãos do médico Osmard Andrade Faria contabilizam mais de 9 mil pequenas cirurgias em crianças, desde que se formou em medicina, no ano de 1945. As vidas de muitos catarinenses foram salvas por sua atenção e habilidade como pediatra, no Hospital Infantil, em Florianópolis, até a aposentadoria. Hoje, aos 91 anos de idade, a receita para o exercício ético da medicina ainda é lembrada com lucidez e carinho: “É fundamental respeito mútuo e comprometimento com o paciente, seja qual for a faixa etária, a situação social ou a origem”.
Sua idade também não o impede de lutar pelos direitos da categoria médica. Por isso, em 2013, aceitou o convite da Associação Catarinense de Medicina e participou do protesto, realizado na capital catarinense, em oposição às atitudes do governo federal que prejudicam os médicos e a saúde da população em todo o país. “O caos está instalado na saúde brasileira. O paciente é apenas mais um número impresso na ficha do SUS ou do plano de saúde, enquanto o médico é apenas o número colocado na porta do consultório. Falta estrutura para manter os profissionais no interior, com condições adequadas de trabalho”.
O médico e ex-professor da faculdade de Medicina da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) nasceu no Rio de Janeiro e hoje é catarinense honorário. Autor de 12 livros de medicina e literatura, tem nas palavras sua companhia dos dias atuais. Porém, a prática médica ainda merece toda a sua atenção e as suas recordações mais importantes. “Salvar a vida de uma criança é uma sensação indescritível, de missão cumprida, de plena satisfação. Isso faz valer a pena ser médico. Muitas vezes fui chamado para atender pacientes que vinham de diversas outras cidades de Santa Catarina. O pequeno com dor, a família fragilizada e aí você consegue dar uma solução para aquele sofrimento. Isso é medicina e precisa ser valorizado”.

Osmard Andrade Faria no protesto contra desrespeito à medicina brasileira, em meio a dois ex-presidentes da ACM: Murillo Ronald Capella e Aguinel José Bastian Junior
Texto Publicado no jornal Diário Catarinense, em 29/11/2014.