A distribuição de vagas dos cursos de Medicina oferecidas pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) em 2015 por todo o Brasil mostrou o quanto as atuais políticas públicas estão distantes de interiorizar a Medicina no país. Os dados com todas as oportunidades em instituições públicas de ensino foram liberados nesta semana pelo Ministério da Educação e consolidados em um infográfico pelo jornal O Globo, que confirma o peso desproporcional de vagas ofertadas nos grandes centros e na faixa litorânea do Brasil.
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Uma das críticas do Conselho Federal de Medicina (CFM) é justamente o fato de a expansão para o interior ficar a cargo de instituições privadas. Segundo o vice-presidente do CFM, Mauro Luiz de Britto Ribeiro, o Sisu não sinaliza a interiorização proposta porque foram abertos poucos novos cursos públicos, priorizando-se a ampliação de vagas em universidades já existentes. “Estão abrindo unidades em locais que claramente não têm condições de receber cursos de Medicina, por não haver a infraestrutura adequada. Falta, por exemplo, um corpo docente qualificado, bem como um hospital-escola devidamente paramentado”, avalia.
Além disso, segundo ele, a visão de abrir graduações no interior para levar médicos a essas regiões é, por si só, equivocada. “O que fixa esses profissionais nessas áreas são as condições de trabalho, em primeiro lugar, acompanhadas pelas condições sociais e a remuneração. A residência médica também é importante. O estudante termina a faculdade e faz provas para a residência em vários locais. Para onde passar, ele vai conclui”, disse.
Distribuição desproporcional – Considerando-se todas as carreiras, a próxima seleção do Sisu vai oferecer 205.514 vagas em 5.631 cursos de 128 faculdades, universidades e centros universitários. Em comparação com o ano passado, o aumento é de mais de 20%. Em Medicina, especificamente, o número saltou de 2.925, na primeira edição do Sisu do ano passado, para 3.758 este ano. Um avanço de 28%.
O Nordeste é, isoladamente, a região com o maior volume de oportunidades no curso: 1.676. Em seguida aparece o Sudeste, com 904. À primeira vista, poderia representar uma descentralização. Mas o dado esconde a maior participação das federais no total de vagas nordestinas, enquanto no Sudeste as poderosas USP, Unicamp e Unesp, todas estaduais – e, portanto, com vestibulares próprios -, estão fora do Sisu, segundo revelam os dados levantados pelo O Globo.
A cidade do Rio de Janeiro é a campeã individual de vagas: 180. A maioria é concentrada nas duas grandes universidades federais que oferecem o curso no estado: UFRJ e Unirio. A desproporção é flagrante.
A cidade do Rio, com menos de seis milhões de habitantes, tem quase o total de vagas de que dispõem os mais de 17 milhões da Região Norte do país, onde há apenas 197 vagas de Medicina em federais. Em São Paulo, são oferecidas apenas 40 vagas, concentradas na Universidade Federal de São Carlos (UFScar). Já no Espírito Santo, a única instituição que participa da seleção unificada ainda não oferece vagas em Medicina.
Para estudantes capixabas, rondonienses e catarinenses ainda não haverá vagas no curso pelo Sisu. Na outra ponta, Minas lidera entre as unidades da federação, com 564 oportunidades nos cursos das suas federais. A expansão de cursos de Medicina pelo interior do Brasil é uma das metas do programa Mais Médicos, que prevê a abertura de 12.400 vagas até 2018.
Somando-se faculdades públicas e privadas, o Brasil tem 21.674 vagas autorizadas para cursos de Medicina. Diferentemente do que ocorre quando se analisam apenas as federais, ao se somarem as privadas o quadro se altera, e o interior lidera ligeiramente, com 11.269 vagas, contra 10.045 das capitais.
Fonte: CFM
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