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A multidisciplinaridade, o Brasil e a Medicina Moderna

Os avanços da medicina têm obrigado, a cada dia, que mais especialistas interajam para atingir seu objetivo maior: o sucesso terapêutico e o bem estar do(a) paciente.
Há 40 anos ou mais, quando um cirurgião oncológico se deparava com uma neoplasia maligna, ele dependia, muito menos do que se depende hoje, dos exames de imagem. Ele (e sua equipe) operavam a paciente e muitas vezes ele mesmo fazia a quimioterapia.
Com os avanços da medicina, este cenário mudou muito.
Atualmente, os exames de imagem definem os detalhes do tratamento, nas mais diversas áreas; a medicina nuclear é extremamente útil para o planejamento terapêutico e para o seguimento da doença; a cirurgia, mais conservadora, é mais precisa; o oncologista clínico passou a ser fundamental para o delineamento terapêutico, e vários avanços em áreas correlatas como nos campos da imunologia, genética, dentre outros, têm incorporado novos profissionais e novas tecnologias, melhorando a prevenção e aumentando muito as taxas de cura.
Este exemplo pode ser seguido em outras áreas, e um grande exemplo disso é o diagnóstico e o tratamento da endometriose. Na década de 80 pouco se falava deste problema. O abdômen era visto como uma caixa de surpresas, como dizia meu pai, oncologista do Hospital do Câncer.
Com os avanços da medicina, doenças como esta passaram a ser vistas de forma completamente diferente, com os vários avanços na área do diagnóstico por imagem, na cirurgia minimamente invasiva e avanços interessantes previstos em imunologia, genética, medicina reprodutiva, etc. E isto tudo dependente de uma abordagem multidisciplinar e de uma boa interação entre os vários profissionais, dentre os quais se incluem ginecologista, radiologista, cirurgião coloretal, urologista, dentre outros.
E o Brasil? Inegavelmente existe um abismo a ser corrigido entre a medicina privada de ponta e os serviços públicos em geral no nosso país. Mas claramente a qualidade potencial da medicina no nosso país é muito boa. Somos lideres em várias áreas e nossa melhor Medicina não deve nada aos melhores centros médicos de ponta em todo mundo. E a interação entre as várias especialidades ainda supera países de primeiro mundo.
Os investimentos na área de saúde deveriam estar voltados para diminuir esse abismo, assim mais pessoas poderiam usufruir o conhecimento da medicina brasileira tão avançada e inovadora, aliados a estratégias que possibilitem o estímulo e a valorização dos médicos brasileiros.
* Dr. Mauricio S Abrao – Coordenador da Divisão de Saúde da Mulher do Hospital Bp – A Beneficiência Portuguesa de São Paulo.
Professor Associado pelo Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP.
Fonte: Estadão Saúde.

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