Depois da Confemel (Confederação Médica Latinoamericana e do Caribe) se manifestar contrária, nesta sexta-feira (6) foi a vez da Associação Médica Mundial (WMA) distribuir nota mostrando sua preocupação sobre o programa Mais Médicos, recentemente lançado no Brasil.
Segundo a nota, ”o governo brasileiro está contratando milhares de cubanos da área de saúde, rotulados de “médicos”, para fornecer serviços de saúde em áreas carentes do país. O governo afirma que está preenchendo os lugares em que nenhum médico brasileiro iria. Os primeiros relatos,contudo, indicam que os médicos brasileiros estão sendo substituídos por trabalhadores de saúde mais baratos, os cubanos”.
Na nota, a WMA destaca que a situação, no entanto, é pior do que isso. “Apesar da exigência na legislação brasileira, os integrantes do Mais Médicos não precisam comprovar seus conhecimentos como médicos ou a proficiência no português. Além disso, não estão recebendo um salário, mas apenas uma bolsa, o que contradiz os direitos e leis trabalhistas do Brasil. No caso dos profissionais de saúde cubanos, o governo brasileiro está pagando para o governo cubano por seus serviços, que então definirá uma pequena parcela que será paga a eles. Na imprensa internacional, isto já está sendo chamado de “escravidão moderna”.
O presidente da entidade, Mukesh Haikerwal disse que “os procedimentos que estão sendo usados são prejudiciais à saúde dos brasileiros. Para ajudar os mais necessitados, o governo deveria ter ampliado o investimento no sistema de saúde, que é baixo, se comparado com outros países com sistema de saúde público universal, melhorando a estrutura de saúde e apoiando médicos brasileiros para estas áreas e pessoas, ao invés de importar profissionais de saúde, cuja competência permanece questionável”.
Haikerwal afirmou também que para recuperar a confiança, o governo brasileiro deve, ao menos, submeter todos os médicos imigrantes ao processo legalmente exigido para avaliar suas competências de medicina, conhecimentos linguísticos e envolver os processos e ocupações estabelecidos, para garantir um sistema em que os brasileiros possam confiar.
“O governo brasileiro precisa de uma significativa discussão com a Associação Médica Brasileira se realmente quiser melhorar as condições de saúde no país e não adotar um programa que cria dois sistemas de medicina no Brasil, uma para os que podem pagar e uma menos qualificada para a população mais pobre”, completou Haikerwal, ressaltando que a WMA discutirá este problema em sua reunião do Conselho e Assembleia Geral no próximo mês.
Fonte: AMB
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