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Novoeste faz especial sobre o problema de falta de pediatras

A região do Extremo-Oeste catarinense tem 11 pediatras para 211.671 habitantes. Na prática, quer dizer que cada pediatra atende 19.242 pessoas. Há alguns anos, a região vive uma fase de problemas no atendimento infantil tanto na rede pública quanto na particular. Diversos hospitais não oferecem mais a especialidade nas emergências.
 
Se especializar em pediatria tem sido um sonho cada vez menos frequente entre os formandos em Medicina. Em 1999, 1.583 recém-formados se candidataram ao título nessa especialidade, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Pediatria. Segundo o último levantamento, realizado no ano passado, o número passou para 794, uma redução de 50% em dez anos. A demanda para residência nessa área também diminuiu.
 
As consequências são trágicas. As importantes consultas rotineiras de puericultura estão sendo substituídas pelo atendimento no pronto-socorro. Com isso, escasseiam as consultas preventivas nas quais são realizadas as orientações com o intuito de promover mais saúde e evitar doenças e acidentes.
 
A carência de estudantes para a área já se reflete em hospitais, unidades básicas de saúde e centros médicos de todo o País. Em Maravilha, de acordo com o secretário de Saúde, Jonas Dall’Agnol, há três pediatras para atender à população. “Isso se dá por causa de novos profissionais em nível nacional. Para suprir isso, a política pública de saúde define que devemos ter profissionais nos postos qualificados em saúde da família, crianças, idosos, ou seja, um médico da família que deve preencher esta carência e minimizar a falta do especialista”, aponta o secretário. Segundo Dall’Agnol, os serviços de alta complexidade ficam à cargo do Estado e em nível nacional.
 
“A redução acontece em função da baixa remuneração. É uma área extremamente trabalhosa e mal remunerada. O pediatra vive basicamente de consulta clínica e a remuneração pelos planos de saúde é baixa. Hoje, quase não existem clínicas privadas, o pai deixa de pagar o plano de saúde para ele, mas não deixa o filho sem. Além disso, a taxa de natalidade no Brasil caiu”, afirma José Fernando Vinagre, conselheiro do Conselho Federal de Medicina (CFM) e pediatra.
 
De acordo com o pediatra maravilhense Mário Gilberto de Castro,ninguém quer fazer só clínica por causa da falta de reconhecimento da profissão. “Os estudantes têm associado a outras especialidades, como Gastroenterologia ou Neurologia”, explica ele. Isso dá mais renda e status.
 
A sobrevivência da Pediatria
 
Não existe qualquer outro modo do pediatra ser remunerado que não a consulta, diferente de muitas outras especialidades. Só para exemplificar: um cardiologista por vezes precisa realizar eletrocardiogramas no consultório, o que aumenta seus rendimentos. Assim os formandos em Medicina procuram outras áreas, como as de Medicina diagnóstica, Estética ou que usam Tecnologia complexa, que possibilitam a realização de outros procedimentos além da consulta, mais bem remunerados.
 
Já ao pediatra, para aumentar seus rendimentos, resta trabalhar em carga horária brutal, fazendo com que muitos se desinteressem e optem por uma especialidade que lhes dê direito a uma vida mais confortável. A maioria dos recém-formados não tem interesse em abrir consultório. O valor pago pelas operadoras de planos de saúde é, na maioria, ao redor de R$ 66 por consulta e a despesa que um profissional tem para manter seu consultório chega a R$ 55 por paciente. Ou seja, não vale a pena, a não ser que o pediatra atenda um paciente a cada dez a quinze minutos.
 
Uma pessoa comprometida com um bom atendimento acaba optando por não abrir consultório, já que as queixas que chegam são quase sempre muito vagas, como: “meu filho está chorando muito ou está com febre ou não está comendo bem”. Este tipo de queixa requer um processo de investigação.
 
A falta de tempo para atendimento acaba gerando um enorme número de pedidos de exames que poderiam não ser necessários caso o médico tivesse tempo para realizar e analisar a história clínica do paciente e fazer um exame físico detalhado. Mas isso toma tempo.
 
Em uma consulta de puericultura, é necessário avaliar o estado de saúde da criança, seu crescimento e desenvolvimento neuropsicomotor, dar toda a orientação necessária sobre cuidados, remédios, vacinas, alimentação adequada e como prepará-la, os estímulos para a criança se desenvolver bem, como evitar acidentes na faixa etária. Através de uma abordagem mais profunda é possível detectar problemas da família ou da escola que estão prejudicando a criança. A criança brasileira tem o direito à assistência médica qualificada e eficaz assegurado pela Constituição Federal (Artigo 227), sendo dever do Estado e de toda a sociedade prover os mecanismos para que os recursos direcionados à saúde sejam otimizados em seu benefício.
 
A função do pediatra
 
O pediatra é o profissional que deve estar presente na vida de crianças e adolescentes desde o aleitamento materno, passando pelas imunizações, pelo acompanhamento e orientações necessárias a um crescimento e desenvolvimento saudáveis. No primeiro ano de vida, a criança deve ir ao consultório mensalmente. O profissional vai avaliar o desenvolvimento físico e motor, além de passar para a mãe orientações sobre as vacinas e sobre alimentação. Do primeiro ao segundo ano, as consultas devem ser realizadas a cada seis meses. Depois dessa idade, o ideal é que a criança faça algum tipo de acompanhamento anualmente.
 
Um atendimento pediátrico adequado deve contemplar promoção, proteção e recuperação da saúde, levando em consideração as diversas fases do processo de crescimento e desenvolvimento da criança, com o propósito não só de fazer diagnósticos e indicar tratamentos, mas também de orientar os pais nos cuidados para com os seus filhos. Por isso uma consulta de puericultura é muito mais demorada.
 
Diferentemente de outras especialidades médicas, que tem a possibilidade de realizar exames ou procedimentos, a única fonte do pediatra no Brasil é a remuneração pela consulta ou por plantões. Com as baixas remunerações dessas atividades tanto no sistema público quanto na rede suplementar, os jovens médicos não se interessam mais pela Pediatria.
 
Fonte: ADJORI SC

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