O Brasil é o segundo país no mundo com o maior número de escolas de medicina. Os números, neste caso, porém, não impressionam. Do total de recém-formados – uma estimativa de mais de 16 mil novos profissionais por ano – apenas a metade consegue ser bem qualificado no exame de proficiência realizado pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp). Segundo o diretor da Associação Médica Brasileira (AMB), José Bonamigo, os resultados são preocupante, mas o Ministério da educação não tem dado a importância devida à questão. A qualidade dos médicos que estão chegando ao mercado é questionada quando a preparação acadêmica se mostra tão deficiente. José Bonamigo ressaltou que o problema não está apenas nas novas universidades ou nas instituições privadas, mas é um problema universal no País. E não se trata, também, do tipo de currículo apresentado pelas faculdades: a questão é o cumprimento efetivo do currículo e não sua qualidade.
O diretor da AMB disse que o acontece hoje, no ensino médico, é que o aluno que entra na faculdade, se forma, isto é, com raríssimas exceções, praticamente todos os que passam no vestibular, vão se formar, porque a avaliação durante o curso é fraca. “Existe uma atenção deficiente um não-cuidado da avaliação durante o curso. Às vezes, alunos com o desempenho muito ruim concluem o curso, quando eles deveriam parar e repetir algumas cadeiras e disciplinas. É uma realidade universal nos cursos de medicina hoje. A avaliação dos alunos é muito ruim”.
Com o objetivo de verificar a qualidade dos novos médicos, o Cremesp já vem realizando, há alguns anos, o exame de proficiência. A prova tem um grau de dificuldade de médio para fácil, abordando questões bem básicas do conhecimento médico, como as doenças mais comuns, tratamentos, acompanhamento de pediatria, entre outros. “É uma prova bem mais fácil do que a que se aplica para selecionar candidatos para a residência médica. E o que chama a atenção é que em todos esses anos que o exame tem sido aplicado, a aprovação ficou entre 50%, 60%”, explicou Bonamigo. O resultado demonstra que os alunos estão saindo muito mal preparados da faculdade. Este ano, o exame tornou-se obrigatório para os novos profissionais. por meio de uma Resolução, o Cremesp vinculou o registro profissional à realização do exame. Contudo, o desempenho não impede o registro, que, para isso, precisaria se tornar lei. “O exame vem como uma maneira de trazer à tona esta realidade e poder influenciar positivamente a faculdades também. Esses alunos precisam ser mandados de volta para as escolas para que elas possam melhorar. Por exemplo, se em determinada escola os alunos foram piores em pediatria, elas podem pegar esses resultados e tentar melhorar nessas áreas”.
Mesmo com sinais preocupantes da má formação médica, o Ministério da Educação não tomou as atitudes que deveria, ainda que tenham sido realizadas avaliações pelo próprio MEC e a recomendação da redução de vagas de alguns cursos, a atuação do governo foi tímida e aquém do esperado. “O que aconteceu no Brasil é que muitas escolas de medicina foram abertas sem infraestrutura. Não há hospital-escola, não há uma rede de atendimento médico conveniado com os hospitais para os alunos fazerem as aulas práticas. Inclusive universidades públicas, como a Federal de São Carlos, em São Paulo, que abriu sem ter convênio com o hospital e a parte prática, que é imprescindível, ao qual o aluno se dedica nos últimos dois anos. Os estudantes ficam peregrinando nos hospitais, tentando arrumar um estágio. O que é impensável – um médico sem atender pacientes, é uma realidade no Brasil”, disse Bonamigo.
Fonte: Portal Informativo Política & Poder/DF
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