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ACM alerta médicos e população sobre o aumento de casos da varíola símia

Para tratar do importante tema, a ACM entrevistou o presidente da Sociedade Catarinense de Infectologia, Dr. Fábio Gaudenzi, para avaliar o quadro e repassar as principais informações sobre a nova emergência global de saúde

O planeta nem saiu ainda da pandemia de coronavírus e a Organização Mundial da Saúde (OMS) já alerta sobre a nova emergência global de saúde: a chamada varíola símia, que diariamente registra um crescimento preocupante no número de casos. O Brasil já está entre os países com maior confirmação de pacientes com a doença, exigindo novamente uma ação integrada dos governantes, profissionais da saúde e população. Diante desse cenário, a Associação Catarinense de Medicina – ACM foi ouvir o presidente da Sociedade Catarinense de Infectologia, Dr. Fábio Gaudenzi, que destaca novamente a necessidade de uma efetiva articulação para conter a disseminação do vírus. “Com a pandemia da Covid-19, os profissionais de saúde e os sistemas de vigilância epidemiológica dos países têm estado em alerta para novos eventos, detectando ameaças como a monkeypox e também as hepatites graves em crianças. Esse é um dos legados da pandemia: a elevada sensibilidade para detecção de riscos à saúde, na proteção das pessoas”.

O médico também repassa uma série de informações essenciais para entender a varíola símia, que os médicos catarinenses podem e devem repassar a seus pacientes, no sentido de promover o conhecimento e os cuidados necessários neste momento. Além disso, o infectologista orienta os colegas da medicina sobre a notificação compulsória da doença: “Para notificar os casos identificados em Santa Catarina, é preciso acionar imediatamente a vigilância epidemiológica de seu município ou a Secretaria de Estado da Saúde, através do e-mail monkeypox.sc@gmail.com”.


A DOENÇA

A monkeypox (MPX) ou varíola símia é uma doença viral conhecida desde a década de 1950, causada por um Poxvírus. A doença geralmente ocorria em surtos a partir da transmissão de mamíferos para os seres humanos, no continente africano. Em 2022 um grande surto tem se propagado por vários continentes, com mais de 16 mil casos já detectados em mais de 70 países, levando a Organização Mundial da Saúde (OMS) a decretar este evento como uma emergência de saúde internacional. Em geral, a doença é benigna e autolimitada (tratamento sintomático e de complicações infecciosas das lesões), porém a detecção rápida de casos e contatos é extremamente importante para evitar que a doença se espalhe. É uma doença de notificação compulsória imediata para a vigilância epidemiológica municipal.


A TRANSMISSÃO

A transmissão ocorre principalmente pelo contato direto com as lesões, nas diversas fases, e por transmissão respiratória por gotícula. Embora não se considere até o momento a MPX como uma infecção sexualmente transmissível (IST), o contato íntimo com as lesões durante o sexo pode facilitar a transmissão.

A MPX cursa tipicamente com lesões de pele profundas e bem circunscritas, muitas vezes com umbilicação central, que ocorrem com progressão destas através de estágios sequenciais específicos – máculas, pápulas, vesículas, pústulas e crostas; isso às vezes pode ser confundido com outras doenças que são mais comumente encontradas na prática clínica (por exemplo, sífilis primária ou secundária, herpes, varicela, zoster, molusco contagioso, escabiose, impetigo, estrófulo, infecção gonocócica disseminada, cancróide, linfogranuloma venéreo, granuloma inguinal, farmacodermia, etc). No atual surto tem se encontrado lesões na área genital, sendo um diagnóstico diferencial importante com as IST. Sintomas gerais podem ocorrer, principalmente no início do quadro: dor de cabeça, febre, calafrios, dor de garganta, mal-estar, fadiga, linfadenopatia.

A transmissão ocorre desde 48 horas antes do início dos sintomas até o desaparecimento por completo das lesões de pele. O período de incubação varia entre 5 a 21 dias.


O DIAGNÓSTICO

O diagnóstico pode ser feito por exames de biologia molecular a partir de secreções das vesículas e pústulas ou então de material das crostas. Como a transmissão ocorre por gotículas respiratórias e contato, sendo mais efetivo na transmissão o contato próximo, medidas gerais como o uso de máscara, evitar ambientes fechados e com aglomerações e a higiene frequente das mãos ajudam no controle da doença. Evitar o contato com lesões de pele em familiares ou parceiros sexuais também é uma medida importante.

As pessoas previamente vacinadas contra a varíola humana parecem ter uma boa proteção contra a MPX. No momento, no Brasil, não há vacina contra a MPX disponível, porém o Ministério da Saúde avalia a incorporação em situações específicas e para o bloqueio de transmissão.


PARA SABER MAIS

https://www.who.int/emergencies/situations/monkeypox-oubreak-2022

https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/svs/resposta-a-emergencias/sala-de-situacao-de-saude/sala-de-situacao-de-monkeypox

https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/notas-tecnicas/nota-tecnica-gvims-ggtes-dire3-anvisa-no-03-2022-orientacoes-para-prevencao-e-controle-da-monkeypox-nos-servicos-de-saude-2013-atualizada-em-02-06-2022/view

https://www.dive.sc.gov.br/phocadownload/notas-alerta/notas-alerta-2022/NA11.pdf

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