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Hematologia e Hemoterapia: precisa-se de sangue novo

Hematologia e Hemoterapia tem sua evolução diretamente ligada à explosão da transmissão da aids. A partir da epidemia, tomaram-se diversas decisões para manter e intensificar a qualidade e a segurança das transfusões e transplantes de tecidos realizados nos serviços nacionais, garantindo, assim, o desenvolvimento da especialidade.
 
“Desde a década de 90, vivenciamos uma explosão no conhecimento da fisiopatologia celular e molecular de diversas doenças hematológicas, o que revolucionou o mundo da Hematologia e Hemoterapia”, explica Rodolfo Delfini Cançado, professor adjunto da Disciplina de Hematologia e Oncologia da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, ao contextualizar o progresso da especialidade.
 
Segundo a publicação Demografia Médica no Brasil, do Conselho Federal de Medicina, há 1,4 mil especialistas no país. ”É uma área promissora pela escassez de profissionais especializados e por sua complexidade”, completa Dalton de Alencar Fischer Chamone, professor titular de Hematologia e Hemoterapia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
 
Atuação
 
Como a maioria das especialidades, a Hematologia e Hemoterapia também vê seus profissionais sofrendo com os planos de saúde. Os valores defasados dos procedimentos são um exemplo do ônus para os médicos, que não observam na prática o efeito de suas reivindicações.
 
“Todos os procedimentos que não envolvem infusão venosa deixam de ser cobertos pelos planos. Espero que drogas de uso oral e subcutâneo, que minimizam muito a intolerância ao tratamento, possam estar presentes na área privada”, relata Carmino Antonio de Souza, presidente da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH).
 
No âmbito da saúde pública, a ABHH tem alertado para o cenário das doenças do sangue no país no que diz respeito às opções terapêuticas, já que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária ainda não liberou diversos fármacos inovadores reconhecidos e aprovados na Europa e nos Estados Unidos.
 
”As condições que o SUS oferece aos hematologistas ainda estão muito aquém do esperado. Parece-me que a questão não é só falta de recursos ou profissionais capacitados, mas de má gestão dos recursos públicos disponibilizados à área da saúde”, avalia Cançado.
 
Ensino
 
Roberto Passetto Falcão, diretor científico da ABHH, acredita que, embora tenha havido redução de carga horária para a Disciplina de Hematologia e Hemoterapia nos últimos 30 anos, o essencial ainda é ensinado na faculdade: ”O tempo varia de acordo com a instituição, mas existe um programa bem estabelecido, além da possibilidade de o aluno praticar nos ambulatórios e enfermarias”.
 
Algumas das escolas mais conceituadas no ensino da especialidade durante a graduação também são referências no atendimento, como FMUSP, Santa Casa e Unifesp, entre outras. Chamone, da FMUSP, no entanto, avalia que, durante o curso, é feita apenas uma discreta introdução ao tema.
 
Na residência, há grande quantidade de vagas ociosas. Levantamento divulgado em 2012 pela Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia mostra que somente 43 vagas das 61 oferecidas por 14 instituições foram preenchidas. Fica clara aqui a falta de profissionais especializados comentada pelo professor titular da FMUSP.
 
Falcão preocupa-se com essa tendência e revela um projeto da ABHH para tentar esclarecer aos graduandos como funciona a residência: ”Estamos formando uma comissão que vai estudar como podemos mostrar para os recém-formados quais são as oportunidades existentes na especialidade”.
 
Quanto à produção científica, segundo o periódico SCImago Journal & Country Rank, o Brasil mantém uma média de 300 publicações em revistas indexadas na área da Hematologia e Hemoterapia, sendo líder na América Latina e estando à frente de alguns países europeus.
 
Desafios
 
A ABHH luta para que todos os itens da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) sejam cobertos e ainda que tanto o SUS quanto os planos paguem o controle da transfusão com a utilização do NAT (sigla em inglês para Teste de Ácido Nucleico), que garante a segurança do procedimento e ainda não se tornou obrigatório.
 
”Outra demanda fundamental é aumentar o número de leitos para leucemia mieloide aguda e transplantes de medula óssea. Considero os pacientes do primeiro caso os mais maltratados de todos. Os leitos são precários e existe um grande risco de mortalidade em razão da falta de estrutura da maioria dos serviços”, completa o presidente da ABHH.
 
Cançado, da Santa Casa, afirma que o principal desafio é fazer com que a saúde esteja alinhada com os interesses da população e levanta alguns pontos fundamentais. ”É necessária promoção da integração e participação ativa de diversos segmentos nas decisões que afetam a vida da pessoa com câncer; identificar as prioridades de saúde e o estabelecimento de políticas e programas públicos; e mobilizar recursos financeiros e operacionais para fortalecer a capacidade humana e institucional no setor”, finaliza.
 
Fonte: Associação Paulista de Medicina

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