A ideia ventilada pelo presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Roberto DÁvila, de que os médicos deixem de atender os planos de saúde na realização de consultas, mantendo apenas o convênio nos demais procedimentos, assustou o mercado. Num primeiro momento, as declarações, dadas ao jornal O Estado de São Paulo, sugeriram uma posição do movimento médico que não estava sendo esperada e que evoluíram para a percepção clara da fragilidade do relacionamento entre médicos e operadoras de planos de saúde. É preciso salientar que a proposta apresentada por DÁvila ao jornal não é uma posição das entidades médicas, nem mesmo do próprio CFM, mas é uma ideia particular do presidente. A sugestão ainda será desenvolvida antes de ser apresentada ao Plenário da entidade e, caso venha a ter apoio, pode ser sugerida à Comissão de Saúde Suplementar (COMSU), que reúne as entidades médicas – Associação Médica Brasileira (AMB) e Federação Nacional dos Médicos (Fenam), além do CFM.
Não há previsão de quando isso pode acontecer. Até a próxima semana, pelos menos, Roberto DÁvila está fora do Brasil, representando o CFM em eventos internacionais. A sugestão de Ávila, contudo, traz algumas reflexões. Para começar, deixar o atendimento das consultas dos planos de saúde pode ser “um tiro no pé”. Isso porque não são todos os pacientes que poderão arcar com as consultas particulares. Desta forma, caso haja uma adesão em massa à proposta, os usuários poderão ser empurrados novamente ao Sistema Único de Saúde (SUS), e os médicos terão que reforçar ainda mais o movimento pelo ajuste na tabela do SUS.
Por outro lado, a simples possibilidade dos médicos deixarem o atendimento dos planos de saúde não é confortável para as operadoras. Não são todas as empresas que podem se dar “ao luxo” de verticalizar seus médicos e se a ideia do presidente do CFM vingar, pode, sim, causar problemas ao Setor. Antes que qualquer dos cenários se concretize, é preciso pensar nos resultados que as ações do movimento médico podem ter. A COMSU esteve reunida esta semana, mas se limitou a tratar das questões relacionadas ao CADE (leia mais no Em Tempo).
Em março, a Comissão realiza sua reunião ampliada, onde deve apresentar as diretrizes do movimento para 2013. O que esperar? Como o relacionamento com as operadoras será afetado? Quais os resultados? Como a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) vai se envolver? Estas são questões que precisam ser analisadas por todos os envolvidos. Vale, provavelmente, uma nova tentativa de negociação em relação à contratualização e aos modelos de pagamento. Vale estabelecer critérios mais claros, primar pela qualidade do atendimento e, em todo o processo, ter o envolvimento da ANS que, apesar de ter por lei a missão de fiscalizar e regular os planos de saúde, não pode mais se furtar de mediar as discussões entre os players que fazem o Setor Suplementar funcionar.
Fonte: Informativo Política & Poder
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